Deu no Fantástico como já era esperado, e mais uma versão do fato foi criada. A Globo tenta passar para o telespectador “que é o que não foi”, mostra um amontoado de não mais que dez barracos informando que ali funcionava uma distribuição de drogas, e talvez com isto justificando a reintegração de posse pela justiça de São Paulo do Bairro Pinheirinho, em São José dos Campos. Acontece que ali naqueles dez barracos não viviam as mais de três mil famílias que foram desalojadas do Pinheirinho. Esta ação já era esperada, tentativas na justiça eram feitas para que a mesma não ocorresse, para dar tempo às negociações na busca de uma solução. Desde alguns dias, aqui no meu cantinho acompanhava pelo twitter o desenrolar das ações, na minha visão e torcida, era para que o poder público adquirisse essa terra, cadastrasse as famílias que ali viviam, o que acho que já havia sido feito, e aproveitando o intercambio entre governos Federal e Estadual pelo programa “Minha Casa Minha Vida”, construíssem as casas para serem distribuídas entre as famílias cadastradas. Mais uma vez a negociação deu lugar ao “Prendo e Arrebento”, executado pela PM de São Paulo que entrando com o aparato, de 3 batalhões, 2 mil homens, 2 helicópteros, 220 viaturas, 40 cães e 100 cavalos ...desde a madrugada de domingo passou a colocar na rua todas aquelas famílias. Agora a área está limpa, mais um rico espaço à disposição da especulação imobiliária, mais uma “limpeza social” do governo Alckmin, isto tudo a custa de muita dor e sofrimento . Estas pessoas continuarão tocando suas vidas, no entanto não se pode mais exigir delas fé na justiça, e terão o tempo que precisam para refletir, e aí sem o gás pimenta e as balas de borracha, numa tranqüila cabine, decidirão o futuro daqueles que tanto mal lhes causaram. Provavelmente nem esta reflexão seja necessária, por boa parte destes moradores já pertencerem a movimentos sociais, e terem a perfeita consciência de a quem dar seus votos. Aqui na minha distante São José, só que do Calçado, também fico a refletir, talvez seja esta mesma consciência que levou os executores ao ódio, o grande motivador da desocupação. Violência sem ódio? Bem, até pode ser, já que para alguns existe até “estupro consentido.”
Que o eleitor fique atento às doações para as campanhas eleitorais que se aproximam, qualquer doação de empresas construtoras que assumirem obras nesta área e também onde funcionava a cracolândia, não será mera coincidência.
Emblemático foi o incêndio numa van de uma associada da Rede Globo, a TV Vanguarda, talvez o incidente mais grave ocorrido na ação. Porque logo uma associada da Rede Globo?
Fco.R.Neto
Nenhum comentário:
Postar um comentário